sábado, 29 de maio de 2010

Dezembro

Eu me apaixonei por alguém que não existe.
Eu vivi uma vida que criei.
Eu não fui muita coisa ao longo desses dias que se passaram.
É duro moldar alguém na sua mente e perceber que isso de nada serve.
Notar que barro derrete no calor dos dias seguidos
e quem você conheceu é nada além de alguém você inventou.

domingo, 23 de maio de 2010

zona de conforto

Amo, amo sempre, com gosto, prazer, pela vontade de ter. Confesso que me rastejo, que suplico e desejo. Reapaixonei-me. Pelo novo, pelo velho, pelo de sempre. Pelo que não deu certo. Falta de tempo, falta de vontade, falta de tato. Faltou o tesão que agora sobra. Sobra a vontade de deitar junto, de viajar, de rir, de comer no... sei lá. Vontade de acompanhar. Se foi o medo, se foi a preguiça, se foi porque não tinha que ter ido. Invariavelmente eu amo.

E quero, e tento negar. E bato com a testa já arranhada na parede.

E então descubro que prefiro o silêncio. Amar assim, escondidinha. Amar pelo prazer de estar perto. Amar pela doçura da companhia. E pouco importa se estou sendo lida. Atingir ou não. O que, de certa forma, já não me alcança.

Independo de retribuição.

Amo por querer sentir o calor das mãos, a maciez dos cabelos, o perfume do pescoço que nunca senti. Amo por querer conversar, amo a sonora gargalhada, o abraço quente. Amo os seus olhos. Amo porque quero e necessito. E me culpo. Por amar em silêncio e ser incapaz de enfrentar. Talvez por saber dO Não. Talvez por evitar uma perda. Talvez pela simples vontade de guardar esse sentimento tão real, tão definido dentro de mim, e cuidar.

sábado, 22 de maio de 2010

sem fantasia

Vidas aleatórias, paralelas, cheias de quinas. Tanta coisa acontecendo, tanta gente se cruzando, tanta gente se aceitando. É chegado o tempo da máscara cair, e as vidas vão se esbarrando, suas tralhas vão ao chão - perdão, deixe-me ajudar.
Dois amores numa mesma noite, duas vidas num só corpo saciando companhias tão alheias.
Uma tentativa tola de se viver ao mesmo tempo que mente. Aos poucos tudo vai se desencaixando, as peças se espalham sobre a mesa e resta a obrigação de refazer o comportamento, de reconstruir as idéias e o temperamento. Não se vive mais na idealização de ser muitas ao mesmo tempo. Resta pouco para ser pelo menos uma só.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Prazer chamo-me acaso


...E você diz tanta coisa, tem tantos argumentos, tantas lamentações. Às vezes me vejo perdida.


Queria mudar tudo isso, só extendendo minha mão.
Quero estalar meus dedos ao pé de seu ouvido, dizer meia dúzia de palavras sutilmente profanas e enxergar uma pessoa simples, sem muitos.... você sabe.

Vejo você perguntar "o que eu estou fazendo ali?", e te respondo que também não sei... penso que era comigo que deveria estar. Audácia? Desculpe-me.
Você "sai" do bar e se projeta para outro lugar. Mas pra onde?
Seu ritmo é difícil de acompanhar e a nuvem de pensamentos que te rodeia é densa e eu não te alcanço. Incapaz, eu? Sem dúvida. Quando se trata de você, as coisas não andam nada simples.
Aí, você percebe que está no lugar errado, ao lado de quem não queria estar...
"Tudo é superficial demais para mim..."
Humilde, não? Mas que assim seja. Nada é, de fato, tão profundo como você. E como eu quis imergir nesse mundo, ... Mas o medo tomou conta e só de pensar em não conseguir voltar mais pro meu real, fazia-me desviar o olhar.
Fugi.
Fugi de você, fugi desses estranhos olhos arrebatadores de menininhas inocentes, esquivei-me desses braços e de seus abraços, da boca voluptuosa, das narinas quentes que exalavam um cheiro que até então não sabia. "Era uma época em que eu conseguia esquecer quem eu realmente sou..." [belles mots] Nossas pernas nunca se cruzaram e nunca se cruzarão.

Triste?
Evidente, mas de fácil compreensão.

sábado, 15 de maio de 2010

eu, homem


"Desculpe, te entendo. Mas não sei o que posso fazer por você"

E desligo o telefone sem o menor pudor, retomando o que estava fazendo antes sem cerimônia.
Olho pra mim e penso - cacete, fiz igual.
Depois de muita lágrima boba, depois de muita dor visceral, enlaçaram-me com força e eu quis me soltar. Vivo a grandeza de amar alguém e ser deixada. Hoje escorrego entre os dedos do compromisso e me desvencilho a cada dia desse excesso de coisas que me oferece.

O ciclo do sentimento é, de fato, algo muito interessante. Talvez tudo isso que esteja escrevendo seja "íntimo demais", mas vejo uma total liberdade em dizer que amei demais, fui pisada, cuspida e escarrada. E agora, olho pra baixo e vejo um protótipo de amor que chora por mim. Condenei a frieza do que me abandonou e hoje repito palavras vagas que me foram ditas e mal recebidas.

Peço perdão por não ser doce, por não entender, por não compartilhar o sentimento. Esquivo-me de conversas, de promessas e sinto muito por ser homem demais e não alcançar a grandeza do sentimento.

sexta-feira, 7 de maio de 2010