domingo, 18 de julho de 2010

Les réves me donnent envie de te voin ici

Éramos muitos sentados numa platéia fantasmagórica, onde, do teto, caíam máscaras.
Máscaras que variavam entre feições felizes, apenas lúdicas, ludicamente tristes, tristes meramente. Com ou sem lágrimas. Preenchemos os espaços sem caber a nós a escolha de quem estava ao lado.

Havia uma regra. Caindo a máscara das lágrimas, você veste e morre.
Empalideci, gritei... Chorava por conta própria.
Foi quando olhei e te vi na cadeira ao meu lado. E me abraçou. Passou seu braço pelos meus ombros, senti sua respiração no meu pescoço, senti suas pernas entre minhas pernas e tive paz novamente.

Aquele lazer macabro estava tirando minhas energias. Eu respirava em sibilos. E caiu para nós dois a máscara da morte e não morremos. E vestimos. E por trás daquela máscara chorosa, em súplica, havia um sorriso-de-canto-de-boca. Lembro-me agora que ninguém morreu; alguns, sim, ficaram deveras sequelados. Resquícios de dor com hábitos descabidos. Vi bailarinas nuas, poetas trêmulos, músicos sem inspiração. Vi o inferno das artes se manifestar em meus amigos. Era dor pra tudo quanto era lado, eram lágrimas de tinta. Enquanto caminhávamos, nós, por aquelas ruas parisienses de 1910, vimos pessoas queridas ex-risonhas com suas faces pintadas coloridamente, mas repletas de lágrimas e aflição.

Meu tempo escorria entre dedos e tudo que precisava era a certeza. Já não lembro bem de que certeza eu precisava, já não sei se era realmente preciso. Mas tudo que busquei era uma certeza. Era uma ânsia escabrosa de um num-sei-quê de embrulho no estômago para confirmar o que eu queria. Não entendia meus pensamentos. Muito menos o que eu buscava.

A nitidez estava tipicamente acabando. Revi alguns amigos com seus semblantes originais e até senti saudade daquele lúdico-aflito de suas faces.

De tudo que vivi nos instantes finais, lembro agora de ter te roubado um beijo doce e oportuno ao som ignorado e ignorante de Michael Jackson na cabeceira da cama.

(E naquela manhã perdi incontáveis minutos num esforço indomado de guardar aqui dentro, com força e clareza, aquele sonho.)

domingo, 11 de julho de 2010

poeminha mordido

O cinema era no mesmo bairro
No bairro onde os cinemas se confundem
Era a mesma ordem dos fatos
Invertemos apenas as poltronas
Para vermos um outro Petit

Eu voltei ouvindo Tiê
Enrolada no meu lenço blasé
Vivendo lembranças eu sei lá porquê
E confesso estar rindo dessa rima clichê

A comidinha foi no mesmo shopping.
Habituados com as mesmas gordices
Habituados com esses domingos doces cheios de sal
O mesmo sal que faltou na pipoca disputada
Onde quem venceu
foi a moça que não levou um beijo seu

Então eu me pergunto
Quem beijaria um indivíduo,
desses que não se encontra em qualquer esquina
desses que às vezes desatina
e senta na mesa (em cima)
e eu queria encaixar um ''menina''
mas essa rima não termina
apenas estraga uma estrofe

Eis que o filme acaba
a luz acende
a lágrima seca
e perdem-se no ar as lembranças de outros tantos
que reviveram aos encantos
artimanhas de ter sido um Nicolas

Dá-me aqui o meu caderno!
(e minha caneta!)
Presta atenção no que eu falo!
(E quem será que ganhou a Copa?)
Todos os diálogos interrompidos
pelas risadas e dentadas
(inclusive a criação) ("prestenção...")

Vencida pelo orgulho
escrevi dentro do ônibus
soltei algumas palavras presas
certas outras eu preferi guardar
no cansaço de escrever, no medo de mostrar

Dentes num braço que fica roxo semanalmente
Um dedo no olho só de vingancinha
Um beliscão na barriga por mera vontade
Uma batalha travada por excesso de sentimentos
com derramamento de ketchup inocente

odeio o Gabriel.
odeio ketchup.
odeio ketchup no Gabriel.
odeio Gabriel com ketchup.

sábado, 10 de julho de 2010

"São só palavras"

Apresento-lhes esta poesia de uma pessoa muito querida na minha vida.
Aquela pessoa que quero caminhar ao lado a vida inteira, que de tamanha afinidade, seguimos dia após dia, com brigas e alegrias, percalços, infortúnios, risos e muitas palavras.

http://rascunhosrabiscos.blogspot.com/2010/07/sao-so-palavras.html

quarta-feira, 7 de julho de 2010



"Eu sei que quando anoitece
Nos teus sonhos também estremece
A vontade de fugir
Então siga por ali
Vire aquela esquina
e vamos partir"