sexta-feira, 18 de março de 2011

poesia cognitiva

e por falar em lucidez,
eu descobri que posso falar do que te sinto com acerto.
Creio poder traçar uma linha
e chamá-la de raciocínio
sem fazer dela a razão que se conclui por hipóteses.

e por falar em lucidez,
sei que de ti nada tenho,
sei que de sonho
me mantenho.
reinventar sentimento
me empenho.

sei que tu entornas desamor
por trauma, cansaço
ou dissabor.
mas venho aqui, ao seu dispor,
porque berro futuro, estância e ardor.

e por falar em lucidez,
menor sou pelo que almejo,
menos posso no que desejo
e cavo atrás de ti
no ensejo
o calor das mãos e braços
que tanto luto e me despejo.

e por falar em lucidez,
a rima
calha outra vez.
a rima que falta quando em começo,
é a rima que volta e faz o que fez.

e a poesia que era de amor
em versos faceiros e sem pudor
vira ensaio poético.
técnico.
e sem calor
atrapalha o poeta que cansa
e confessa
que escreveu tudo isso
só pra falar de lucidez.

terça-feira, 15 de março de 2011

antes que a chuva caia

tenho alguns versos espalhados
em meio de tantos recortes
uns agressivos, dos dias feridos e contrariados
uns melífluos, em dias vividos em bom estado

fiz já uns tantos lamúrios
dos instantes que poupei ouvidos
e gastei nos olhos
a dor em sentir coagido o coração

cantei estrofes, cantei em sussurros
auscultei minha mágoa por dentro
disparei tantas farpas
que me envergonharam
feito morte não planejada

amei.
e desses amores não me envergonho

dos amores que cogitei
quase todos sintetizei em temperatura ambiente
alguns produziram, catalisaram
sua boa parte me dignificou
e sou, pois que então, um ser que se engraça de amar mais

dos amores que conotei
foram os não desvendados congelados.
que em lista de sentimentos,
estiveram no topo e me cansaram

nesses amores, errei
rodei dancei, me fiz maculada
provando da vontade
à vontade
do gosto ruim da dor de versificar lágrimas

hoje, às portas do tropeço,
tenho o mesmo leque de versos
que me refrescam as faces em porvir
ruborizadas
em outra vez
sentir

intento a seguir passos largos
esfarelada. pelo passado.
ação em partes
a ter pronde ir
tangendo o desejo do Ser revelado.