segunda-feira, 10 de outubro de 2011

dia santo

quem explica essa dor semanal sem causa,
da sensação que passou alguém durante a noite
que me sugou as lembranças coloridas dos últimos dias ocupados
dos afazeres laboriosos e dignos
das festa das sextas e dos sábados

a casa vazia soma ao sentimento
cutuca, reafirma, reforça
de que ninguém irá ouvir meu lamento
por mais pálida, razinza ou chorosa

e por falar em operações matemáticas
hoje é dia de multiplicar o drama.
Enumerar cada mágoa, evidenciar as perdas
lembrar do não-amor daquele que não ama

domingo é dia de ressaca moral
gosto ruim na boca, sensações marginais
lembrar dos erros cometidos
vomitar as vergonhas,

no domingo não há paz.


domingo nos força a olharmos no espelho
notarmos manchas, rugas e derrotas
domingo forte é domingo sem fome
é dia de cama, silêncio. são horas mortas.


cuspa com força no sétimo dia,
que de lá pra frente é realidade
é distância pra se percorrer
dos dias que se imendam sem caridade.

dia lento de maneira tal
que os versos se arrastaram os minutos todos

começou no tormento dominical
ocupei com tristeza e fiquei muda
só fui achar voz para a poesia
quando era segunda
durante o dia.