domingo, 6 de junho de 2021

Já não é nova a aflição sobre conservar ou reler minha espiritualidade. Muito anos navegando em conceitos que me trouxeram até aqui, com decisões que me orgulho ter tomado. Doutrinada na coerência da fé, fui alimentada em valores inegavelmente belos, mas que me distanciaram da realidade. Todos os dias resta a pergunta sobre os espaços que habitaria não fosse a batalha moral que travaram no meu lugar.

Mas de tanto chegar sem minhas pernas, as perguntas perderam a coragem de ser. E a aprendizagem deu espaço ao silêncio da aceitação. E da separação, fez-se o fim. A oportunidade de ostrar. 

Sozinha e sem pressa, o discurso estudioso perdeu significado e forma, dando vez ao exercício de ser. Não estou cabendo em lugar nenhum; não sei se por expansão ou encolhimento. Se por arrogância ou constrangimento.

Pensar Deus e a individualidade.

Investigar a criação e criar.

Estudar para compreender e experienciar.

Tão ocupados com nossa jornada, os dias tem sido tão histéricos... Consigo sentir a energia contida dentro da minha barriga, falando alto em forma de dor. O meu corpo pede uma serenidade que irá me levar pra onde eu fugi. 

Percebo que quero encerrar, mas a paz orgasmante de quando encerro as palavras não veio. Então por quê? Ou não me permito maldizer a minha trajetória, ou essa reflexão falhou miseravelmente. Ou é a certeza da minha superficialidade, que insiste - em forma de mãe - em dizer que escrevo mal. Ser muito pouco pra ela sempre foi a minha maior aflição.