segunda-feira, 14 de julho de 2014

As primeiras palavras vieram arrogantes
queriam viralizar uma sensação de vergonha
queriam livrar a face da humilhação
jogando na rede. pescando aprovações.

Quebrava, então, o silêncio dos dedos.
Passava língua na tampa do pote
antes de devorar as idéias que seguiriam.

E chegaram as palavras encomendadas
vindas da confiança, do apreço por palavras já ditas
Rabisquei, arrisquei.
Disse 'sim' - vem palavra medo texto voz saudade
vem passado.
E as letras foram cuspidas com amor.

Obrigada, tá lindo.
Isso.

Palavras começam a sair
Arrepios voltam a me percorrer
tesão pela poesia no barulho da respiração
mostrando, esfregando na cara: vai
(ser gauche na vida?)
pois ama
assume
traz de volta o movimento.
Repara a bicicleta, que há muito se escondeu.
Quem sabe assim, até consiga dizer
Obrigada, meninos, pelo sete a um.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Explicação sobre a Copa do Mundo para o filho que virá.


Há 27 dias atrás eu não vibrava, eu não amava futebol, mal dizia o evento e aqueles que mergulhavam nele. Eu sequer sabia direito da escalação.
Veio a abertura, veio J-Lo, cornetas, vieram os Meninos do Felipão.
E ao longo de cada jogo, de cada bate-papo, eu me permiti viver a Copa da minha maneira.
E me peguei rindo, gritando, falando besteira durante o jogo, comendo pipoca, pão de queijo, convocando amigos para tardes lindas de diversão.
Vivi cada feriadinho com gostinho de "mãe, cheguei pra almoçar".

Mas veio o dia de hoje.
E - acredite - acordei com a ansiedade de quem vai fazer vestibular. Sério.
Veio o jogo de hoje e fim de papo.
Nada a dizer.
Sensação esquisitíssima, pequeno.
Sem rodeios, digo que sou ótima perdedora. De verdade.
Então, que buraco é esse aqui dentro?
Que sentimento de esvaziamento doido. Acabou, né, amigos?
E é tipo término de namoro. A gente vive uma vida sem aquela pessoa. Ela vem, tumultua e cai fora.
Brabeza recomeçar.

Não, eu não tô forçando a barra.
Minha leitura da atmosfera atual é "o que vamos fazer daqui pra frente?".
É o silêncio do "então, é isso, eu não tenho mais nada pra falar, vou desligar o telefone...". Fim. 
Cada um vai pro seu lado e vida que segue. MESMO.

Onde quero chegar com tudo isso? Eu sei lá.
Só estou aqui, no meu humilde e despretensioso desabafo.

Jurando nunca mais pertencer à Copa do Mundo, mas acreditando na diversão que será 2018.
Talvez com você no colo.

Em 08/07/2014.