E então se passaram os anos e eu permaneço com os nervos abalados. Os outros seguem me entendendo como emocionalmente instável, e as lágrimas que eu considero razoáveis, para o mundo, são transbordantes.
Nos últimos dias mergulhei profundamente em dores simultâneas. Incerteza, solidão, desamparo. Todos ao meu redor num ritmo diferente do meu, convidando a um comportamento que eu não conseguia alcançar. Perguntas, decisões, posturas. Num dia, sou a mulher em crescente expansão, no outro, a mãe que reluta tempo e espaço para si.
Dia após dia surge a certeza de que a vida está se encaminhando para uma escassez que preenche todas as horas. As alegrias dos meus não me dão sentido, as minhas angústias desconsideradas e o quadro que eu pinto tem cores desbotadas demais para o tudo que eu vivo.