domingo, 8 de junho de 2025

você vai ver que esse disco vai exalar o cheiro deste agora.

dos dias apressados que fazem caber tristeza, desencontro, feitos modestos e passos duradouros.
dos dias em que não esquenta nem engata o frio.
de um tempo em que a felicidade tem sessenta cores, e que entre elas tem cor que explode no papel - saturada - e o urso, que era pra ser marrom, fica com uma poça de tinta azul bem entre o rabo e sua sacola de mercado.
e aí a gente tem que escolher uma cor que esconda o estrago.
mas logo depois todo mundo se acalma, pois adultos. sobretudo adultos pintando livros de ursinhos. que sabem e admitem que tem estrago bem maior nessa vida - e que volta e meia não tem tinta que cubra. 
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a vida se ajustando... e o grande medo do grande fim vem escutando pequenas perguntas que o diminuem mais em menos. 
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você já vê que a angústia guarda o lugar da palavra.
e saindo cabisalta, abre caminho pro que me é tão caro: escutar a melodia da memória.

quinta-feira, 6 de março de 2025

quando me deito, eu sei mais. penso na dor, nos medos, escolho o tema da minha próxima análise. rapidamente, por comparação, é claro, reconheço meu percurso, o quão mais sou capaz de ponderar.

flash de memória e volto atrás. relembro como ainda sofro de fantasias megalomaníacas de falta e pesar.

penso no jargão da psicanalista famosa, sobre realidade ser mais mansa que os medos idealizados. ou eu inventei isso? penso no título do livro dela, lembro do outro título mais antigo. me pergunto se são dois pra mesma obra, ou se um foi relançado. lembrei do texto que escrevi em 2021 parafraseando (vaidosa, pensei ‘plagiando’) a coisa de pisar no vazio. algum amigo postou a capa, e eu dei outro rumo. 

e dessa sequência de pensares, desse linchamento literário que ensaio começar, volto à angústia dos meus dois últimos dias que foram os primeiros na minha vida dentro da minha vida.

pela primeira vez, a vida eleita. e depois me pergunto porque choro tanto. estou recém nascida.

enfim, me embalo.