domingo, 29 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
linha de raciocínio
eu tenho medo das pessoas.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
''Pra desaparecer precisa estar quente de verdade.''
Eu tenho raiva do silêncio. Não do silêncio sábio. Tenho raiva do silêncio cômodo. Do que não se compromete. Eu adoro me comprometer. Eu adoro vínculo. Eu amo a depedência. Não a dependência do outro, do indivíduo. Mas a dependência do olhar, do sorriso. Eu dependo do convívio. Eu não me esquivo das pessoas. Eu vivo aberta. Eu não me arrependo. Já me arrependi. De não viver. Bati cabeça na parede por ter sido muito imersa. Acho graça dos internalizados. Sinto pena, às vezes. Eu ando pelo mundo. Eu não me arrasto pela vida. Eu cuspo palavras. Pensadas. É preciso. Descartes.
Sábias palavras em uma caneca.
domingo, 15 de novembro de 2009
Aglutininas da mente
na situação nua
Quando desenvolvemos nossa mente
Pro sentido de não envolver mais,
Quando a gente se anula
É quando a gente desfruta
É quando a gente se intitula
Donos da noção
E aí o pranto faz-se riso
E faz-se o alívio
E o peso vira bagagem
E a dor vira bobagem.
Sou Eu (Álvaro de Campos)
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! …
domingo, 1 de novembro de 2009
Talvez nem tenha o que expor.
Talvez essa não seja eu.
Talvez eu nunca tenha sido alguma coisa.
Eu queria cavar, cavar até criar bolhas nas mãos e me enterrar.
Queria gritar. Quero. Eu grito.
Não funciona. A dor existe e sempre existirá. Não sei o que escrever, não sei como me colocar. E se não for pra colocar coisa alguma?
A vida parece que foi concretada. Parece que tem uma parede enorme erguida na minha frente; preciso de muito esforço pra saber o que há por detrás desse muro. Posso quebrá-la, posso escalá-la. Posso dar as costas e voltar. Posso sentar e esperar os anos passarem e todo aquele cimento ser decomposto. Ser erodido. Sofrer ações da natureza. Do tempo.
Tempo... Meu único e forte aliado. Meu melhor amigo.
Ele que vai me mostrar quem eu sou.
Quem eu quero ser.
Quem eu devo ser.