Talvez esse não seja o melhor momento pra me expor.
Talvez nem tenha o que expor.
Talvez essa não seja eu.
Talvez eu nunca tenha sido alguma coisa.
Eu queria cavar, cavar até criar bolhas nas mãos e me enterrar.
Queria gritar. Quero. Eu grito.
Não funciona. A dor existe e sempre existirá. Não sei o que escrever, não sei como me colocar. E se não for pra colocar coisa alguma?
A vida parece que foi concretada. Parece que tem uma parede enorme erguida na minha frente; preciso de muito esforço pra saber o que há por detrás desse muro. Posso quebrá-la, posso escalá-la. Posso dar as costas e voltar. Posso sentar e esperar os anos passarem e todo aquele cimento ser decomposto. Ser erodido. Sofrer ações da natureza. Do tempo.
Tempo... Meu único e forte aliado. Meu melhor amigo.
Ele que vai me mostrar quem eu sou.
Quem eu quero ser.
Quem eu devo ser.