Foi quando olhei pro alto e vi a lua, ao som de Pethit. E me dei conta de que a vida estava me dando a chance de ser feliz com as relações (in)completas.
E eu agradeci. Pela plasticidade que somos, pela liberdade de expurgar todos os sentimentos, pela estupidez convencional, pelos suspiros pela vida, por viver em suspiros, pelo rumo das coisas, por racionalizar a cada dia na sua forma mais passional, pela amizade verdadeira sem interrupções, pela certeza do sentimento que me dá a certeza de que te quero por perto da maneira certa, pelo riso frouxo e certo da companhia doce, pelas idéias positivas, pelo despertar mais terno na alegria de te ter comigo.
Agradeci pelas inspirações e pelo lirismo que desadormeceu em mim.
Dei-me conta de que tudo está perfeitamente desencaixado.
E vi a lua.
E lembrei que agora posso sorrir com o motivo que me derrubou em lágrimas.
A mesma lua que me fez amar, foi a que me fez chorar e hoje, viver.
Caminhei os poucos passos que me restavam entre meu ponto e minha porta.
Num último olhar para o alto, fechei os olhos e desejei. Que tivesse a (in)certeza das minhas escolhas, que fosse capaz de sorrir com a confusão dos meus pensamentos, que o tempo firmasse meus ideais, que grandes idéias caminhassem ao meu lado. Desejei coisas que não sou capaz de escrever. Desejei uma caneta, um giz. Sentaria na calçada e escreveria no asfalto, como nos tempos passados - sentada no chão, desenhava ao meu redor uma nave. A mesma nave, com os mesmos botões, as mesmas parafernalhas. Eu previa a lua na minha vida. Eu desejava a lua por perto. Eu me via perto da lua.
Voltei para meus 23 anos. Desejei mais tempo para minhas lembranças. Desejei você feliz. E que, livre da forma pré-concebida, mas do jeito que achar que te cabe.
Desejei que nunca se cansasse de mim.