quinta-feira, 3 de junho de 2010

corpo de Cristo

A vida tem desses arroubos. Desses arrombos. A gente dorme e acorda cansado. O dia corre feliz e deitamos tristes. Deitamos incompletos. Sempre falta algum sentimento. Sempre falta alguma pessoa. Eu estou exausta. Exausta de sonhar, de acordar. Hoje sonhei contigo. Sonhei que ela não aguentava seu jeito e você voltava praquela que te aguentou tempo demais. Sonhei com você também. Lá você era simples, mas singular. Nos meus devaneios você era o que eu sempre quis. Você não tinha tormentos. Aposto que você iria amar sonhar o sonho que sonhei. Sim, você também. Você foi o último da noite. Como em 'Teresinha' do Chico, chegou como quem chega do nada. Não disse nada. Apenas se deitou ao meu lado. E hoje, mais do que deitar, quero explicações. Quero que você me explique as sacanagens suas e as da vida. Com propriedade. Te dizer... Eu cansei da vida. Dessa vida morta. Eu estou exausta. Exausta pelos meus sonhos. Pela realidade também. Mas já nem sei mais o que é o quê. E confesso que muito menos quero saber.
Hoje levantei meio atropelada. Hoje é feriado. De que mesmo? Num entendo esse dia. É latim. Arrisco em dizer que poucos entendem. É o dia de pôr a vida em dia. É a vida de pôr o dia em dia. E hoje acordei poesiando mais pra cuspir menos nos outros. Quando escrevo, eu dreno. Ai, cacete, agulha. Entre uma risada e outra eu poesio mais e sofro menos - ou mais? Ah, diabo.
E diabo nada tem a ver com Corpus Christi (escrevi certo?). E cá estamos nós perdidos nos assuntos. Meus sonhos, meus dias, meus amores, ex-amores que são amores, minhas ex-vidas.

"mas agora", pensou a pobre Alice, "não adianta nada fingir ser duas pessoas! Ora, mal sobra alguma coisa de mim para fazer uma pessoa apresentavél."