quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Carta à diferença de 15 anos que lambe os ouvidos

Se de alegrias faço meus dias, como que se explica essa mansidão acabrunhada das últimas horas?
Se de passos firmes segui em constate, como entender estas pernas bambas de incerteza?
se escolhendo ao certo o que dar valor, como pude romper por cansaço, em desistencia?

Acontece que houve e nada mais há.
Houve um tempo onde as palavras signifcavam e significar era palavra de sentido estreito. Houve um tempo onde as horas não foram contadas, inveja entredentes era causa de riso e uma palavra curta tinham outras tantas letras escondidas. Houve um tempo. Um clima ameno e brisaroso daqueles que se há vontade de colocá-lo em pote.

Foram momentos de casa cheia, onde os sorrisos saiam pela janela sugados pelo vento.
Ainda consigo delinear com a ponta dos dedos... Juro. Posso tocar com singeleza a cicatriz hepática que me entortou o sono. Houve o tempo e os dias. E os seguintes. E desses lembro com clareza de um medo terno e tenso que levava ao vínculo permanente. Desta vez não houve, mas levou ao sentimento de querência maior.

Houve o aplauso e a surdez.
O olho dormente pelo beijo justo e insistente.
Mãos abertas, planos breves, palmas quentes a duras penas.
E o ensaio.
O sentimento.
O estado físico.
e a solidez da barba.

E por ser presente, cada dia e sempre mais, que houve dois. E no passado tão ao lado, l'instant se fez rápido havendo breve e instantânea intimidade. Saliva, suor e simplicidade se complicaram na mistura dos fatos. Hoje os dias são inertes. O vento não sopra pra ser sentido. O vento empurra para longe, encosta-me na parede de cimento gelado e me arranha, feito choque de idéias vindas de tantas direções.

E não se impressione com o pouco que emergi, não tenha à frente nada além de alguém que vive com força, e força a mente em pouca coisa que faz derrubar lágrimas doces de lembrança recente.

Saudosamente,
Rigby, aquela ostra.