dessa vez não existe poesia, apenas a Vontade querendo me expor.
vontade com vida própria que carrega letra maiúscula pra dizer que já é personagem
E Já faz algum tempo que decidi não me colocar no comum, convencer-me de que sou um ponto fora da curva. por pura vaidade mesmo.
mas os dias me levaram e me trouxeram para cá. onde a realidade vive.
aqui é tudo meio frio, meio cinza, meio certo.
Relutei (eu até reluto, mas há quem diga que sou fraca para isso.)
Juro que dessa vez não há poesia, não há coisa alguma além de mim.
Daquela que falta muito pra ser alguma coisa.
E de certo minha auto-estima se faz presente. Não perene.
Mas existe e tá aqui às voltas de tudo, envolvendo os outros.
É a minha auto-estima que segura a pemba quando a torre vai desabar.
Em padrões de mundo, sou uma pessoa feliz
em padrões de felicidade, sou uma pessoa do mundo
gargalho, imploro, festejo e me jogo
detesto, canso, desgosto, calunío
sofri repetidas vezes por diversa gente, mas é a minha culpa que me maltrata
é aquela maldição de amor largado que me faz amar tanto e sofrer aos poucos
(mas a mentira sutil é feita de poesia pois que sofro aos montes por gente que nem existe)
e ando sempre fingindo
e jurando que a vida andaloka e rosa
mas a vida é real e vivo assim com pincel em punho
fazendo dos dias essa mentira amarga de sorriso largo
posso postergar o desabafo contradizendo tudo que já disse
e prometer uma alegria que sou capaz e só eu sou.
mas tem sido o calvário dos dias fingir harmonia e saudar meus dias
e agora, mudando de pólo, estou a pesar consciência e me julgar maldizendo a vida.
assim dentro do mesmo grito, estou com antipatia íntima por estar escolhendo essas palavras
e ontem mesmo afirmei que não escrevo mais por tirar de mim o que não queria admitir
e semanas atrás me fiz doce no conformar
e no ano que passou dei de mim até secar para sobreviver do que doía.
e agora, que isso virou poesia e a Vontade me confessa gostar disso,
admito que de dia em dia agradeço a vida por emprestar gente que me machuca
e choro por entender que aquela dor toda é merecimento
e sorrio cada vez que entendo o porquê e corrijo
e sei, como quem nasce sabendo
que muito mais que de poesia, gosto de crescimento