quarta-feira, 6 de abril de 2011

das artes à Arte

o trabalho dignifica o homem
mas arranca-lhe os versos
o trabalho exercita a mente
mas atrofia suas emoções
torna homem escravo do que te alimenta
mas sente fome de poesia

o homem que se automatiza
perde sua alma infantil
perde a alma que mobiliza
suas muitas palavras sutis
é o homem que vive os dias
[homens que conta os dias]
homem à prazo com data de validade

cuida da poesia para não esquecê-la
alimenta - gás, líquido que reacende
solidifica o poeta que trabalha
e a mão que mensura
é a mão que percorre papel
parede
pele

o homem que toca
é o homem que sente
é o homem incerto
oniciente

homem-poeta
que esquece o presente

come a vida a sua volta
sufoca o que te prende
e bebe da fonte onde transborda
daquilo que te preenche.