esta noite sonhei com meu passado
mas era sonho com fragilidade de futuro
um a um chegava à minha casa
com seus sorrisos antiquados
com suas mãos enrrugadas de esquecimento
foram viris para dizer "venha".
covardes, houve um dia que disseram nada.
belos, pálidos, hepáticos
de certo encheram-me o ventre
afoitos, ansiosos, descrentes de si
nessa madrugada, todos juntos
reuniram-se à mesa, convocaram-me
e num adeus histriônico me fizeram mais mulher
enchi meu ventre de orgulho e amor
bendisse meu passado
mas exaltada, sem escárnio ou desprezo.
num presente concreto ainda sonhado
celebrei a hombridade dele
solene, erguido
olhei de frente em prantos
o homem da minha vida.