Desassossego sempre foi um prazer. Produz bons frutos, minha escrita amarga, um estranhamento de quem lê, tentando localizar quem é essa mulher que ninguém enxergar nos dias. O olhar do outro me contemplando como avessa, como difícil de entender. Esse é o papel que exerço nos espaços, me deliciando com as palavras de incentivo de quem cada dia sabe menos sobre mim.
Mas a mesma pessoa que incomoda, é que pede desculpar por ser. Rir com todos, chorar com alguns, e não se cansar de buscar permissão pra existir. Um medo de não dar conta da personagem, e admitir ser medíocre. Escrever é tudo que me dá certeza de não ser igual a todos. Tira-me as palavras, e sobra um prato raso que não dá conta de coisa alguma.
Portanto, estou aqui - colocando força na tarefa de ser diferente. Dando espaço pra sensibilidade que o mundo insiste em enterrar junto com toda dor que está pairando sob nossos narizes. Dando voz para todos os pensamentos que estão presos nos meus dentes, intestinos e pálpebras cansadas de tremer. Nunca querendo tanto entender pra onde ir, mesmo habitando onde sempre procurei. Esvaziada de moralismo, escolhendo meus erros a dedo.
É a primeira vez que me sinto perdida tendo encontrado tanto de mim.