terça-feira, 25 de maio de 2021

Nunca foi tão urgente dizer qualquer coisa pra liberar espaço pra ser.

Há dias que propago uma habilidade que perdi. Os mesmos dias que minha mente tem efervescido a necessidade de escrever mais.
Talvez o peso da consciência, talvez o sufocamento, talvez a vaidade.
O fato é que as palavras vem no banho, vem no pendurar das roupas, vem enquanto a gente joga uma fralda repleta na lixeira do corredor do prédio, pro cheiro da casa não se ocupar do que tanto me exaure.
Cansada de ser levada pela água, pelo vento, as palavras vieram compulsórias, do jeito que deu.
Pois então, não sei se escrevo sobre os homens, sobre filho, sobre a pandemia ou sobre o glúten.
São tantas as perturbações, é tão todo dia tudo.

Há semanas eu percebi que não escrevo poesia, mas que escrevo prosa dando enter. Isso significa absolutamente nada porque as palavras são minhas quando de mim saem, e a forma tem o tamanho da minha aflição. O que me motiva dá muito mais estrutura do que o estilo.

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Eu tenho permitido meus descontroles na medida que eles surgem, e delegando a cada íntimo a tarefa de me ajudar. Estou pedindo socorro há muito tempo. Em silêncio, pra não incomodar. Não está funcionando, então estou devagar, dando responsabilidades àqueles que prometeram. "Justo a mim, coube ser eu."

Aos que chegam, eu fotografo a cena e dou a liberdade de permanecer ou fugir. Aos velhos - habituados a essa histeria periódica - imploro cuidado e palavras de futuro.

Estou muito assustada.
Estou sem saber o que me assusta, mas estou muito assustada.
Eu enfileiro os problemas na minha frente, nenhum grave, nenhum existe, talvez.
Ou todos minúsculos dão as mãos, se esticam, e juntos se parecem maior que eu.