No anseio de encerrar estes versos
Que me enraízam em claras noites no assento
Procuro palavras adequadas
Que de tão rudes, às vezes, lamento.
Há muito me questionam sobre voltar a escrever.
Nesse meio-tempo fiquei pensando em que momento eu realmente escrevi.
Quando ouço tais pedidos sinto-me cronista aposentada de jornal de grande circulação; quando não, penso que me fazem de chacota e aguardam aquelas palavras vazias para rolarem de rir.
Afinal, onde foram parar as palavras que tantas vezes arrancaram-me beijos apaixonados e galanteios fugazes?
Que diabos fizeram da minha veia literária? Por que cargas d'água permiti que se entupissem de frieza?
Procuro uma estatina capaz de limitar a formação dessa estupidez irreversível. Desespero-me ao deparar com a total incapacidade de escrever, e o mundo emulsionar na minha frente.
Quase cinco anos de mudez.