Amo, amo sempre, com gosto, prazer, pela vontade de ter. Confesso que me rastejo, que suplico e desejo. Reapaixonei-me. Pelo novo, pelo velho, pelo de sempre. Pelo que não deu certo. Falta de tempo, falta de vontade, falta de tato. Faltou o tesão que agora sobra. Sobra a vontade de deitar junto, de viajar, de rir, de comer no... sei lá. Vontade de acompanhar. Se foi o medo, se foi a preguiça, se foi porque não tinha que ter ido. Invariavelmente eu amo.
E quero, e tento negar. E bato com a testa já arranhada na parede.
E então descubro que prefiro o silêncio. Amar assim, escondidinha. Amar pelo prazer de estar perto. Amar pela doçura da companhia. E pouco importa se estou sendo lida. Atingir ou não. O que, de certa forma, já não me alcança.
Independo de retribuição.
Amo por querer sentir o calor das mãos, a maciez dos cabelos, o perfume do pescoço que nunca senti. Amo por querer conversar, amo a sonora gargalhada, o abraço quente. Amo os seus olhos. Amo porque quero e necessito. E me culpo. Por amar em silêncio e ser incapaz de enfrentar. Talvez por saber dO Não. Talvez por evitar uma perda. Talvez pela simples vontade de guardar esse sentimento tão real, tão definido dentro de mim, e cuidar.