quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

no one comes near.

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Voltar para casa, depois uma grande jornada. 
E ninguém pra me receber.
Talvez caminhe pelos cômodos, sinta aquele cheiro de guardado, e volte pra rua.
Talvez prenda a respiração, tire o pó da superfície e fique.
De certo que corre tanta inspiração que assusta. A desordem da pausa enlouquece. Cinco anos.
São dois, os caminhos. Insistir ou recuar.

Ainda nessa semana conversava com meu pai.
Ele retornava de uma experiência muito inusitada. A de retirar uma grande colmeia do telhado da casa. Com direito a homens vestidos de apicultores. Correção do pensamento infantil: com direito a apicultores. José aprendeu que uma abelha, retornando ao local, à procura de sua colmeia de origem, obviamente não a encontra. Desse grupo de abelhas perdidas e desabrigadas, sucedem dois caminhos: a morte ou adaptação a novas colmeias, incorporando à rotina, ritmo e regras da nova Rainha. 

Casa em abandono.
Abelhas sem rumo.
Essa imagens. E outras tantas figuras, que correm diante dos meus olhos sobre esse mar de dias à frente. Cinco anos.

Eu não sei onde entra ingratidão, onde encaixar a revolta. Todos ao redor aguardando os menores sentimentos entredentes, e tudo que sou capaz de sentir é o estar contente. Contentamento do dever cumprido, olheira funda das infinitas tentativas, aprendizados que transbordam pelos poros e fios. Vermelhos em disfarce do branco que tratou de aparecer.

Trinta anos. É muito mais tarde agora no relógio do que é de fato na vida, pra se retomar. Pra ser.

Pé ante pé. Humildade, auto-cuidado e olhar atento. Estou de volta. Escolhi desempoeirar as palavras. Escolhi ser a abelha que vive.