terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ode ao fauno

Teus olhos conversam comigo diariamente.
Falam da saudade de uma vida que ainda falta.
Tocam minha pele,
Têm movimento,
e sem esforço
colocam os fios do meu cabelo atrás da minha orelha.

Não são daqueles feitos de cor única
Que brilham, e ponto.
São noturnos, pesados, constantemente acesos

Teus olhos têm cheiro.
Madeira antiga e papel de livro novo.
Trazem cores que não sei o nome.
Uma, duas. Mudam como você.
É feito um brinquedo simples
que encanta, não custa
mas vale todo tempo.

Todos os dias se valem
por segundos olhando os teus olhos.

Correr pra alcançá-los.
Despertar e vir de longe a passos largos
Vidrá-los de perto pela ponta dos pés.
Sentir os cílios com a ponta dos dedos.

São frágeis, os teus olhos.

Amargam pelo mundo ao redor
Lêem corpos sem esforço algum.
Enxergam entrelinhas em movimentos alheios.

Eles sofrem, os teus olhos,
Quase pelo tempo todo.
Dissipando dores ao som de risadas
Que foram lágrimas em rubor no rosto.

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