Embalar meu filho para dormir todo dia é espaço livre para viver memórias e cenas que nunca aconteceram. Não raro eu choro por razões completamente avessas ao momento tão sagrado de adormecer um filho.
Na última mais marcante vez, eu decidi procurar pela minha versão de 13 anos, pra avisar dos amores que valeriam, e dos que não tanto. Foi tão curta a viagem! Mal te encontrei, notei que cruel é inventar para uma jovem o não futuro do amor. Impor uma dureza de alma e coração tal como se eu a tivesse.
De pronto, você me gritou eu amo este homem como nunca amei ninguém. Só pude concordar. Lembrei das noites na cama estreita chorando pelo carinho que sonhei e perdi. Mas logo em seguida rememorei os calores de tantos toques, dos olhares em silêncio, das perguntas clichês do amor novo no que você está pensando agora?, e dos beijos que se encaixavam sem esforço.
Então, pude acolher a honestidade do tanto que senti e sinto.
Eu nunca amarei ninguém como eu te amo. Porque nunca fui interrompida no viver. Porque permiti todas as dores, e todo brilho nos olhos ardeu por tantos homens e mulheres que me afetaram. Que me constroem. Nada me permite deixar de amá-los.