sábado, 20 de maio de 2023

erguem-se memórias-desejos do que (nem foi bem assim) aconteceu.
palavras saem de mim a terceiros - que são quase primeiros, que são quase eu  - para contar as minhas invenções.
toda memória é inventada - foi o que ela me disse quando me neguei a trazer as histórias do amor primeiro.
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está escuro aqui com muitas vozes ao mesmo tempo, e seus discursos de resgate da caverna que escolhi explorar - e digo explorar porque ia escrever entrar, mas me soou vitimado.
eternos instantes nessas últimas horas pra localizar uma fresta saída de onde ainda posso chegar - e digo chegar porque ia escrever pisar, mas me soou tirano.
na minha frente brotam almas velhas segurando minha mão. as vozes estão ficando roucas e escuto que preciso conhecer o futuro pelo presente. 
as vozes alarmam a correnteza que vem invadindo a caverna.
a caverna pertence à ilha.
a tal da ilha que ela me disse com mar revolto no intervalo entre a proxima. 
o mar que eu nado sozinha, ou que nado com uma bóia mais pesada que eu. 
atravessar águas.
ser atravessada.
ser arrastada.
imagem primitiva.
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o amor primeiro
que recuso evocar.