quarta-feira, 20 de outubro de 2010

um pra lá outro pra cá

estando juntos ou separados
passam-se os dias de dedos entrelaçados
dedos de mentira, de gesso moldado.

nós que nem nada somos
afirmando, negando, contradizendo
nessa relação que não existe coisa alguma
nessa coisa que não existe relação.
nós que juntos fomos e não voltamos
dividimos travesseiros de penúria
que somavam seis no total
[em nossa cama de invenções

com sentimentos feitos de caracteres
eu, envergonhada com valor que dei,
hoje pago pelo silêncio
imploro por conseguir longitude

você, deslumbrado com sua correções
afogado nas suas convicções
cheio de você mesmo dentro do seu peito de lata
tentando agir como se a música não fosse acabar

pega minha mão, rodopia meu corpo
suplica pela minha alegria.
eu, dedos nos seus dedos
estico meus braços-pós-rodopio
me enveredo ao som do bolero cafona
faço que estico pra me embolar outra vez
mas não volto, desfaço o passo
saio pelo salão, numa dança sozinha
e finjo que não aconteceu.