domingo, 8 de agosto de 2010

Ela dizia que parecia uma despedida...

...E eu renascia.

Ainda me lembro. Vagamente, eu sei. Nunca fui bom em detalhes. Ela dizia que isso era egoísmo. Eu nunca concordei.
Ela era doce, era certa, era voraz. Mas não era ela. Como num susto, aconteceu uma explosão.
Ela se fez em mil pedaços e não havia mais porquê tê-la comigo.
Jamais pensei reduzi-la a tão pouco. Mas aconteceu.

Ok, mentira.

Acontece que sempre tive a certeza de que ao seu lado não daria. Era mesquinha, cruel e sutil.
Tornou minha vida uma chatice medíocre. Desenhava meus passos, pisava nas minhas palavras e depois voltava de coração sangrando.
Não sei se por inveja, ciúme ou qualquer outro sentimento pequeno, você me ridicularizou a cada instante que se via ameaçada na sua velhice precoce.
Eu te amei de verdade. Eu me vi feliz por muitas vezes. Ela tinha tantos encantos.

Mas sua insegurança me estressava. Cheguei num ponto máximo de fadiga emocional.
Por tantas noites dormi chorando, por tantos dias abri mão de tantos planos. Por muito pouco perderia minha juventude.
Você, que não viveu intensamente por duas décadas, queria roubar as minhas. Se ao menos quisesse revivê-las ao meu lado. Mas, não. Pra você era mais cômodo privar-me dos meus anos. Não seria glorioso pros seus planos não me ver definhar.

Só que eu acordei. E vi que a vida sem você corre mais rápido.
Eu perdi você, e ganhei o mundo.
Você que era doce, se fez amarga.

Te pintei lindamente numa tela e vi as tintas escorrerem tecido abaixo.
Eras um cascalho no meu sapato.
Você pra mim virou espinho, virou dor, virou um peso.
Eu dei as costas a você e fui feliz.